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Nascido em Mar Del Plata em 1939 e radicado no Brasil desde o fim dos anos 1950, Juan Siringo começou sua trajetória no cinema na segunda metade dos anos 1960, quando dirigiu o média-metragem À Deriva (1965-1966), roteirizado junto ao poeta catarinense Lindolf Bell em um projeto de experimentação influenciado pelas vanguardas europeias que, em cena, ganham um contorno de drama existencial. No elenco, a atriz Karin Rodrigues. A trilha sonora é da cantora Tuca, em seu trabalho de estreia. O filme circulou em diversos festivais no país e no exterior. Será no seu filme seguinte, o curta Chico, o Leve (1967) que sua trajetória ganha destaque no debate cinematográfico, em especial após ser exibido no Festival de Karlovy Vary e premiado pelo Instituto Nacional de Cinema. Trata-se de uma adaptação de um conto de Enrique Anderson Imbert no qual o protagonista, enfrentando um contexto de miserabilidade social causado pela seca, acaba por levitar. Nesse momento, em meio a um período de grande mobilização social e política em oposição ao regime instituído que caracterizou o contexto de 1968, produz seu longa-metragem de estreia, A Nova Gente, ficção que trazia à tona todo um contexto de levantes estudantis que, ao ser submetido à censura em 1969, sob a vigência do AI-5, passa por cortes que inviabilizam seu lançamento comercial, a despeito das inúmeras tentativas de seu realizador. Pouco depois, aproxima-se de Alfredo Sternheim, com quem colabora no roteiro de Paixão na Praia (1971) e, especialmente, em Anjo Loiro (1973). Em 1978, dirige Pecado Sem Nome, estrelado por Raul Cortez e Sandra Barsotti, um retrato da marginalidade inspirado em notícia de um jornal popular. Na mesma época, escreve contos como Chuvas de Setembro, Largo Adeus, Mágico Sul, A Dama do Brás, O Infinito e duas peças teatrais, Íntimos Desconhecidos – lançada sob o pseudônimo Antonio Renzo – e Gulosos e Guloseimas que, mesmo premiadas na época de seu lançamento em concursos de dramaturgia, permanecem inéditas.

Cinema à Deriva de Juan Siringo propõe a exibição de obras do artista, digitalizadas a partir do material em película 8mm, 16mm e 35mm. Na primeira sessão serão exibidos o média-metragem À Deriva, de 1965 e o curta Chico, o Leve, 1967, assim como trechos de filmes do artista realizados em 8mm no início da década de 1960. Na segunda sessão, exibiremos o longa Pecado Sem Nome, 1978, precedidos de imagens recuperadas do longa A Nova Gente (1969). Após as sessões, haverá um bate-papo com o realizador, Juan Siringo. A iniciativa é parte de um projeto de pesquisa desenvolvido por Felipe Abramovictz desde 2018. Trata-se de um fundamental resgate da memória de um cineasta, roteirista, fotógrafo e escritor que, mesmo tendo feito filmes relevantes no debate artístico, carece de maior reconhecimento, algo que pode ser explicado pelo fato de seus filmes terem permanecido inacessíveis por décadas. A exibição mostra-se fundamental para que seus filmes possam, enfim, ser vistos novamente pelo público e debatidos na presença do cineasta.

Curadoria: Felipe Abramovictz e Luna Alkalay.

 

PROGRAMAÇÃO:

 

26/11/2023 | 15h00 | Sala Oscarito

Sessão dupla: À DERIVA (1965) + CHICO, O LEVE (1967) – sessão seguida de debate com Juan Siringo

 

 

26/11/2023 | 17h00 | Sala Oscarito

Sessão dupla: A NOVA GENTE (1969) + PECADO SEM NOME (1978)

 

 

 

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